quarta-feira, 5 de abril de 2023

A última dança

Calé é homem esguio
que na vida segue a dançar,
bailarino em pontas,
rodopia sem parar!

É pássaro que ganha asas
quando o palco ouve chamar,
sabe que é um desígnio divino
o Cisne ao Lago voltar.

Na hora do voo maior,
sente a tensão crescer,
não da emoção latente,
mas do joelho a contorcer.

Sem conseguir olhar
e já com dores lacerantes,
deixa-se desmaiado em palco,
já mais cisne, agonizante.

Caído, inerte, falhado
de alma triste e cansada,
já nada o faz acreditar
numa outra vida dançada.

A última entrada em palco
aconteceu uns dias mais tarde,
na cova dançou sozinho
abençoado pelo santo padre.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Desenterrado

“Trufinha”, assim a chamavam,
era a menina-floresta que todos amavam.
Tão bonita e tão natureza,
só não primava pela delicadeza.

Vivia a cogumelos que apanhava pelo caminho,
“Trufinha” - caía que nem um miminho!
Sempre atenta a troncos, húmus, clareiras,
de rabo no ar – sem pudor nem maneiras.

Acordou cedo, o dia convidava,
saltitava feliz, a floresta chamava!
Já de nariz a rastejar pelo chão
catava os venenosos, só por diversão!

Até que num gesto esquisito com a perna
Deparou-se com uma espécie, Amanita Verna
Num só puxão, o veneno saltou,
não do cogumelo, mas do que desenterrou.

A seiva escorria
e vermes saltavam,
num rasto corcomido
já corvos berravam…

Trufinha ousou chegar bem mais perto,
na ponta do nariz, outro verme por certo!
Assustada ao descobrir o dedo-mistério,
gritou bem mais alto, fora do sério!

Começou a abrir a cova escondida,
a cada pá de terra, mais triste e perdida.
As lembranças da “Trufinha - órfã e descrente”
começaram a transformar em veneno a sua mente.

Já com a cova bem aberta
e o cadáver bem exposto,
Trufinha mutila-se...
é profundo o desgosto:

“Se é na terra que brotam os meus grandes amores,
Pra terra irei, sem pranto nem dores.”

(Do triste passado desenterrado, ainda se alimenta o mesmo corvo malvado)

sábado, 10 de março de 2012

Alice

Ainda não era bem a noite,
nem chegava bem a ser dia,
quando Alice reescrevia a história,
que para sempre ocultaria.

Foi nas maravilhas que a conhecemos,
entre aventuras, poções e encantos...
"Quanta mentira!"- escrevera então ela
no seu coraçãozinho em prantos.

No dia em que se narra e se conta
que num grande buraco caiu,
eis que oculta aqui a história
que Alice deveras existiu!

Que forças, teorias ou magnetismos
a tornaram viva, cardíaca, real...
permanecerão para sempre descritos
como mistério capital.

Na verdadeira história de Alice,
o único milagre é o da sua existência,
pois tudo o resto que vivia
só a guiava rumo à demência...

Na pequena e pacata aldeia,
todos se encolhiam ao franzir da testa,
indecisos na beleza do sorriso,
e sussurros - "o mal não presta!"

Havia um coelho...sim...
branco e de pêlo reluzente,
o coelho que Alice tanto estimava,
que da panela saltou-lhe ao dente.

E uma Rainha malvada...
Ah sim! (quem as não tem?)
A de Alice era a madrasta,
que de casa foi pró além.

E o Chapeleiro louco...
que tecia aquela loucura como ninguém,
entrou nas malhas da morte,
com as agulhas que Alice guardava bem.

E foi naquele momento,
sem a noite e sem o dia,
que o coração de Alice expurgava
desespero e agonia.

Atordoada com a sua existência,
um passado frio, cruel e real...
lançou-se num ápice pró livro,
deixando para trás todo o mal.

Ainda hoje, todos acreditam
que esta Alice nunca existiu,
mas do País das Maravilhas...
todos falam e ninguém viu.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Criatura

Fez-se a noite, mais fria e escura,
numa névoa cerrada, a angústia perdura,
Kiki, passo a passo, nessa estrada infinita
abstrai-se em si, da criatura maldita.

Dolorosa a tarefa de acalmar os demónios,
quando só o medo atiça os neurónios.
Sempre num registo de coragem exacerbada,
caminha convicta. Não pensa em mais nada.

E a estrada é imensa, a estrada não cede...
as pernas são fortes, só o espírito estremece
quando ao fundo uma sombra mais que sombria
corta o fôlego e a alma angustia.

Anos a fio, com a besta bem domada,
de nada valeram, agora descontrolada...
um rasgo de medo lacerou sem aviso
e a criatura das goelas, saltou toda em riso.

Num vómito, Kiki soltou-a para fora,
triste...já sabia como terminaria a história...
a criatura maldita ensaiou a sua única dentada
e Kiki ficava para sempre encarcerada.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Coração na mão

Fino, mais esguio e discreto,
caminha sempre a passo certo,
sem saber como olhar para o lado,
só em si vive centrado.

Duda e a sua capa preta
vagueiam sempre a mesma valeta,
cabisbaixo, de olhar fixo no umbigo,
faz da vida um interminável castigo.

A única vez que ousou levantar o olhar,
aos olhos de Matilde foi pousar...
pobre rapariga, ainda hoje vive doente,
inexplicavelmente cega e quase demente.

Duda, que leva a vida consigo
sem afecto ou ombro amigo,
sente a alma ainda mais pesada
(fora de si nunca houve mais nada).

Um estranho sentimento em si vai crescendo,
a culpa mortifica e vai remoendo,
e num súbito gesto, ausente de ego,
decide ao peito encostar um prego.

De alma vazia e coração na mão
descobre em si uma nova condição:
a morte que todos esperavamos (e ele tinha como certa!)
apenas matou o Duda-pateta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Homicida-Suicida

Magda - a contente - vive num rodopio,
acorda sem sono e toda ela é sorriso,
linda e serena leva a vida a dançar,
até o relógio 12 badaladas marcar.

Estranho fenómeno, então acontece,
e da felicidade Magda esquece,
diz-se Lena - a Só - e numa nuvem escura
é noite cerrada e só amargura.

O rosto fechado é já alma ausente,
Lena vagueia, não ama e não sente,
e enquanto a noite demora a passar
Magda não tem como escapar.

Encarcerada pelo outro lado do ego,
que segue na vida perdido e mais cego,
percebe porque anda sempre contente
(quando à noite se extingue, não vive e não sente)

Mas nesta madrugada, mais fria e escura,
o vazio de Lena parece que dura...
E já o dia começa a nascer,
Magda insiste em não aparecer.

Em silêncio, Lena acorda ensonada,
desconhece o dia - está assustada.
E sem saber como salvar o que matou,
esvai-se de tudo (o pulso cortou).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ego de morte

Chico chiclette tem um canivete
e enquanto masca, assim se diverte,
a rodar a lâmina pelos dedos da mão
observa quem passa com muita atenção.

De jeans rasgados, bem ao dobrar da esquina,
olhar matador (assim se adivinha),
ao seu alcance, a perfeita cabeleira
estimula a conquista p'la tarde inteira.

Ia o sol, já cansado, de tanta investida
caía pra noite - exausta e vencida -
no ruivo firmamento nada se ouvia,
já o ruivo semblante não se mexia.

Inerte e serena, escultura de areia,
Chico pensava fazê-la sereia,
e em golpes precisos as escamas moldava
e em golpes mortíferos já a torturava.

Ouviram-se os gritos, calaram-se as vozes,
Chico ainda hesita "ficas ou foges?"
mas o ego do artista, acabou por falar mais alto
(sabia ter chegado o momento...de dar o salto)

domingo, 23 de agosto de 2009

A Vingança

Manuel. Manel. Boémio à força toda, à noite não perdoa. Sempre de gabardine e flôr ao peito, acha que lhe fica bem não se dar ao respeito. As donzelas que por ele insistem em passar, caem-lhe nos braços e deixam-se bem enganar. São noites intensas, efémeras e interditas que cravam as marcas nas pobres malditas. Mas eis que chegou o dia em que a heroína se revoltou, e o galã Manel ao inferno chegou. Uma farta cabeleira ardia já na memória e a nova careca ficava para a história. A luxúria de outros tempos deixava agora a sua marca, pois cada mulher ofendida um pêlo seu lhe cravara. Nessa hora em que o destino ajuizou Manel levar, a maldição teve lugar: para que a intimidade de cada uma continuasse para sempre bem acesa, ajuizaram entre todas deixar-lhe os púbicos na cabeça.

Santinha Verónica

Não se encontra. Não se sabe se é menina. Foi Vera por um Verão, Verónica mais sozinha. Caem-lhe as folhas da estação e dança a chuva miudinha. Sopra-lhe o calor de um coração que lhe bate, contorcida. Quando a seiva já escorre em braçadas de ramos erguidos, a pouca folhagem que sobra esvazia-lhe os sentidos. E é num altar, com flores de cores em despique, que se exorcizam demónios acesos, em segredos aguerridos. Ninguém sabe o que rezam tão baixinho, mas dizem que a valentia da santa mata desígnios malditos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sexta, 13.

"Fogo, lá estás tu!" -
assim Fred replicava
e em amena cavaqueira
os ânimos amainava.

Sempre com o mesmo trejeito,
fiel à mesma expressão,
sabia que logo ali
acabava a discussão.

Naquela, sexta 13
cada palavra amaldiçoava
assim que uma explosão se ouvia
e o fogo a todos chamava.

"Fogo! Lá estão todos" -
grita alguém a passar.
Já as chamas consumiam
a alma dos que queriam voltar.

Croac!

Cocas não é um sapo,
mas veste-se a preceito
e não dispensa um croac!-papo.

Todos os dias sempre aos pulinhos
atrai todo o tipo de gente
e a quem o chama de louco,
sorri e não desmente.

"Croac! Croac!"-quacha sempre ao passar
e é sempre o que responde
quando lhe querem falar.

Mas quem o achava louco
estava longe de imaginar
que um ser mais louco do que ele
estava ainda por chegar...

Certo dia, assim que amanheceu
e o Croac!Croac! começou a ecoar,
em cada vidro de cada janela
o sangue de Cocas se viu derramar.

Um ser vil mais que vil,
mais cruel que a crueldade,
levou Cocas tão a peito
que no homem viu um sapo, de verdade!

"Morte a todas as criaturas viscosas e verdes!"-
gritava já com o pé a acelerar
e derrapando a toda a velocidade
com a roda o atropelou (mesmo para esborrachar).

De imediato, todo o sangue começou a jorrar
num esguicho, também ele viscoso,
que até a luz do sol parecia cegar.

Esse dia, todos guardam na memória
como o dia da sagrada sapiência,
pois hoje, mais do que nunca,
o caso virou ciência.

Na terra onde outrora
só um sapo parecia existir,
encontram-se agora aos molhos
da terra, a emergir!

Nesta terra já ninguem habita
e apenas homens de fato borracha,
estudam o mistério da praga maldita.

Dizem que o mal começou,
assim que Cocas foi enterrado aos bocados...
e que os milhares de croacs! que agora se vão ouvindo,
vingam todos os croacs!, pela crueldade, calados.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Assombração do cabelo

Samanta é a rainha da assombração
ninguém lhe consegue ver o rosto
com pestanas que chegam até ao chão.

Toda ela vive envolta em cabelo
de um preto mais que preto
sedoso e tratado com zelo.

Sempre que Samanta começa a andar
ondas de cabelo vão a esvoaçar,
e só nestes instantes de movimento
a assombração tem o seu grande momento:

Um rosto pálido, quase transparente
passa e assusta toda a gente,
mas quando Samanta ouve a gritar
sabe chegada a altura de parar.

Por uns segundos não se movimenta
e todos os cabelos acabam com a tormenta,
volta a ser toda ela uma bola de pêlo
e a verdadeira assombração do cabelo.

Sempre tão preocupada com a reacção alheia
não imaginava colher o que semeia,
e assim que volta a andar
as longas pestanas acaba por pisar.

O grito que deu ouviu-se por todo o lado
já com o olho direito pendurado,
e no desespero do momento
arranca-o bruscamente num só movimento.

Nunca ninguem percebeu o que ali se passou
pois para lá do cabelo nunca ninguem chegou,
apenas Samanta guardará a recordação
daquela que foi a sua assombração.

Está de olho!

Belinha tem os olhos trocados
sabe bem andar em frente
enquanto olha para todos os lados.

Ninguém consegue conversar com ela
porque ao chegar mais perto
leva no olho uma mordidela.

O último que no seu caminho cruzou
à mordidela não escapou,
hoje anda sempre acompanhado
com o rosto duplamente esburacado.

Para Belinha não há sina mais triste
pois ao impulso de morder
quer travão, mas não resiste.

Cansada de afastar toda a gente
tomou a decisão da sua vida:
"vou-me tratar no Sr. Doutor
e voltar a ser bem recebida".

Meses depois, tudo nela mudou,
e até dos olhos trocados tratou.
Estava bela a Belinha, e na redondeza
todos comentavam a sua beleza.

Até certo dia, no começo da refeição
Belinha abrir a lancheira que trazia na mão,
todos os amigos que conversavam animados
levantaram-se um a um (de olhos tapados!)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Verdade Negra

Arménio nunca se queixa
podem bater-lhe com toda a força
que ele sempre deixa.

De tão espancado que é
fez do corpo hematoma,
e vestido de nódoas negras
na vida segue e soma.

Escurinho dos pés à cabeça
apenas os olhinhos brancos despontam,
e surpreendem a própria sombra
de todos que por ali se encontram.

Hoje calhou olhar-se ao espelho
para sua grande fatalidade,
enquanto imóvel e de olhos fixos
no reflexo confronta a verdade.

Gritos reflectiam-se de forma estridente
e o próprio espelho baloiçava,
toda a imagem contorcia-se
enquanto o espelho estilhaçava.

Mil pedaços de espelho explodiram
lâminas pontiagudas e cortantes,
libertavam-se da dor reflectida
e libertavam-no de dores fulminantes.

Uma mão cheia de lâminas
que pairavam em suspenso no ar,
apontaram a jugular de Arménio
com ele a vê-las chegar.

De olhos esbugalhados
finalmente de dor gritou,
assim que as lâminas rasgaram
a dor que nunca deixou.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Silêncio de morte

Tantos pares de olhos
para três dedos de testa
Quintas era o tótó da escola
que até o Nerd detesta.

Sempre de olho esperto
e de língua bem afiada
abria as goelas ao mundo
convencido que tinha piada.

Um dia, de olhar vago e mais distraído,
não viu passar-lhe à frente o seu homicídio.
De tão habituado que estava a "noticiar"
espalhou flyers pela escola: "a morte vem-me buscar!"

O desalento abateu-se de imediato
(pois depressa constatou)
ninguém lhe dava crédito
e a notícia não vingou.

Por três dias não dormiu
e o quarto foi de indignação
ao quinto dia já vagueava
pelo desprezo da multidão.

Com o mundo a desmoronar
naqueles rostos indiferentes e cruéis,
por cada dia de silêncio que passava,
a todos atribuia papéis:

"Assassinos!"- gritava alto por dentro,
com a voz já sugada
e a língua, músculo inerte,
por cada conversa castrada.

Os dias iam passando,
e por cada dia que ainda estava para vir
também os olhos murchavam
como quem pensa em partir.

A alegria voltou para sua grande felicidade
atracada à barca da morte
numa travessia que deixava saudade:

"Em memória do Quintas" - lia-se por todo o lado
e aquele que ninguem ouvia
deixava agora o recado.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Cupido por um dia

Lucy veste sempre cor-de-rosa
quando os sonhos lhe invadem a prosa,
mas é quando o silêncio a leva a sonhar demais,
que a imprevisibilidade ganha contornos reais.

Um dia, sentiu os pés sem chão
num arremesso de sonhos em ebulição
e já lá no alto de asas bem abertas
achou-se cupido e começou a lançar setas.

Pobre Lucy, encantada com um desígnio quase divino
não sabia cravar no amor o seu maior desatino
e em cada alma que acertava
uma fenda no corpo esburacava.

O último levou com a seta no pescoço
pobre coitado que amava até ao osso,
vingativo, crente de ser já alma perdida
em alma voou até Lucy e deu-lhe igual despedida.

(As asas de Lucy ainda hoje voam
e o espectro crava bem fundo o desgosto,
também dizem que as setas nunca se encontram
e que até a morte e os anjos do mal juntos, assombram.)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Má sorte de vida

Becas é já menino sofrido,
assim que nasceu com a vida num fio,
um ano depois já de braço ao peito,
não escapou a um tiro no pé direito.

Desde então, manquinho e torto da mão,
Tenta compensar com grande sermão,
Sem corpo que lhe valha, prega aos demais,
Que deseja esventrados por meros pardais.

Já o dia ia longo e a noite à espreita,
cresce a angústia assim que se deita,
de volta à rua, calado vagueava,
a pensar na mão que ainda ali estava.

Nesse mesmo instante, com uma mão ainda a jeito,
Lança a revolta de um corpo malfeito,
E do desgraçado que por ali passava
ainda ecoam os gritos que a morte calava.

Limiar do controlo

Foscas da fama não se livra,
rapaz certo, orgulho da família,
com seus pequenos olhinhos a brilhar
sabe que há forças que não pode controlar.

Carinha pálida, franzino até em trejeito,
quando vê gente, logo sente ardor no peito,
fecha-se em dois punhos e respira lentamente
até sentir o controlo fugir-lhe, de repente.

Os olhos brilhantes, ganham contornos baços,
As entranhas que ardem alteram-lhe o traço
e o apelo do sangue jorra o desejo
de apunhalar um a um, sem pena nem pejo.

Longas tranças

Rafita tem só ar de princesa
e por onde passa a cobiça é acesa,
longas tranças escuras molduram-lhe o rosto
e penduram alguém ao primeiro desgosto.


Ao brincar com as amigas é só diversão
saltam à corda e jogam peão,
mas quando alguém a tenta enganar
imagina as longas tranças a estrangular.

Certo dia, a meio caminho da escola
não se sabe bem porquê (nem o que lhe deu na tola)
subiu num ímpeto a macieira do Sr. Adão,
e deixou cair-se em tentação.

Alimentar o amor

Félix. o super fix
das mulheres nunca desiste,
dizem que nasceu apaixonado
assim que o pai foi afogado.

De cabelos revoltosos
nele vivem anjos e demónios,
e de coração aberto ao peito
tudo o que beija acaba desfeito.

Sem perdão nem piedade,
lança o feitiço com crueldade
e é no calor da tentação do momento
que o prazer da carne vira alimento.