Calé é homem esguio
que na vida segue a dançar,
bailarino em pontas,
rodopia sem parar!
É pássaro que ganha asas
quando o palco ouve chamar,
sabe que é um desígnio divino
o Cisne ao Lago voltar.
Na hora do voo maior,
sente a tensão crescer,
não da emoção latente,
mas do joelho a contorcer.
Sem conseguir olhar
e já com dores lacerantes,
deixa-se desmaiado em palco,
já mais cisne, agonizante.
Caído, inerte, falhado
de alma triste e cansada,
já nada o faz acreditar
numa outra vida dançada.
A última entrada em palco
aconteceu uns dias mais tarde,
na cova dançou sozinho
abençoado pelo santo padre.
quarta-feira, 5 de abril de 2023
A última dança
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