Fino, mais esguio e discreto,
caminha sempre a passo certo,
sem saber como olhar para o lado,
só em si vive centrado.
Duda e a sua capa preta
vagueiam sempre a mesma valeta,
cabisbaixo, de olhar fixo no umbigo,
faz da vida um interminável castigo.
A única vez que ousou levantar o olhar,
aos olhos de Matilde foi pousar...
pobre rapariga, ainda hoje vive doente,
inexplicavelmente cega e quase demente.
Duda, que leva a vida consigo
sem afecto ou ombro amigo,
sente a alma ainda mais pesada
(fora de si nunca houve mais nada).
Um estranho sentimento em si vai crescendo,
a culpa mortifica e vai remoendo,
e num súbito gesto, ausente de ego,
decide ao peito encostar um prego.
De alma vazia e coração na mão
descobre em si uma nova condição:
a morte que todos esperavamos (e ele tinha como certa!)
apenas matou o Duda-pateta.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Coração na mão
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