quinta-feira, 29 de maio de 2008

Verdade Negra

Arménio nunca se queixa
podem bater-lhe com toda a força
que ele sempre deixa.

De tão espancado que é
fez do corpo hematoma,
e vestido de nódoas negras
na vida segue e soma.

Escurinho dos pés à cabeça
apenas os olhinhos brancos despontam,
e surpreendem a própria sombra
de todos que por ali se encontram.

Hoje calhou olhar-se ao espelho
para sua grande fatalidade,
enquanto imóvel e de olhos fixos
no reflexo confronta a verdade.

Gritos reflectiam-se de forma estridente
e o próprio espelho baloiçava,
toda a imagem contorcia-se
enquanto o espelho estilhaçava.

Mil pedaços de espelho explodiram
lâminas pontiagudas e cortantes,
libertavam-se da dor reflectida
e libertavam-no de dores fulminantes.

Uma mão cheia de lâminas
que pairavam em suspenso no ar,
apontaram a jugular de Arménio
com ele a vê-las chegar.

De olhos esbugalhados
finalmente de dor gritou,
assim que as lâminas rasgaram
a dor que nunca deixou.

3 comentários:

Paulo Stenzel disse...

Ahá, mas ele também matou o espelho.

Nuno disse...

humm... creepy
Deu-me assim uma vontade de andar por aí a partir uns espelhos.... ao pontapé :D

Nuno disse...

já mandei, está aqui:

http://img124.imageshack.us/my.php?image=armenioke4.jpg