Becas é já menino sofrido,
assim que nasceu com a vida num fio,
um ano depois já de braço ao peito,
não escapou a um tiro no pé direito.
Desde então, manquinho e torto da mão,
Tenta compensar com grande sermão,
Sem corpo que lhe valha, prega aos demais,
Que deseja esventrados por meros pardais.
Já o dia ia longo e a noite à espreita,
cresce a angústia assim que se deita,
de volta à rua, calado vagueava,
a pensar na mão que ainda ali estava.
Nesse mesmo instante, com uma mão ainda a jeito,
Lança a revolta de um corpo malfeito,
E do desgraçado que por ali passava
ainda ecoam os gritos que a morte calava.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Má sorte de vida
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
"Manquinho e torto da mão". Muito bom. Como não simpatizar com este malvado e ressabiado menino? É dos meus preferidos.
Tens que arranjar um ilustrador!
Estes poemas davam um livro diferente... e muito bom!
Beijinhos
Anita
Enviar um comentário